No dia 14 de outubro, o Hall Social abriu suas portas na Torre MAPFRE de Barcelona, um espaço para exposições único, que visa dar voz aos projetos sociais mais singulares com os quais a Fundación MAPFRE colabora. Nesta primeira ocasião, saímos às ruas das Filipinas para conhecer a dura realidade em que vivem muitas crianças e compartilhar as histórias de esperança que a Fundação Kalipay nos oferece.

TEXTO: JUAN FRYBORT IMAGENS: DAVID CAMPOS

A primeira de nossas exposições sociais, estreada no dia 14 de outubro, dá voz à Fundação Kalipay, uma organização com a qual a Fundación MAPFRE colabora desde 2015 e que, desde 2007, oferece refúgio às crianças da ilha de Negros, uma das áreas com o maior índice de pobreza infantil nas Filipinas, um país que por si só já é assolado pela miséria.

A República das Filipinas sofre de uma alta taxa de exploração do trabalho infantil. Muitos menores de idade são abandonados nas ruas, têm problemas nutricionais, graves deficiências educacionais ou sofrem violência sexual. De acordo com a UNICEF, das 1,6 milhões de crianças que vivem nas ruas, 600.000 mil são forçadas se prostituirem e cerca de 28 são presas diariamente por algum crime. 60% dos casos de violência sexual ocorrem dentro de casa.

Neste contexto, a Fundação Kalipay se tornou um lugar onde essas crianças tentam se r ecuperar das feridas da miséria e da vida nas ruas , onde finalmente podem se sentir protegidas.

Seu programa de resgate não trata apenas de acolher os menores de idade, mas também de atender às suas necessidades materiais até a idade adulta e educá-los até a universidade. Trata-se também de oferecerlhes uma casa onde possam curar as cicatrizes emocionais do abuso e da pobreza. O trabalho da Kalipay baseia-se em quatro grandes princípios: «Nenhuma criança deve estar na rua, nenhuma criança deve passar fome, nenhuma criança deve ter o direito a educação negado e nenhuma criança de ve ser submetida à violência».

Un viaje a la esperanza

Da rua para um lar

A exposição foi pensada para que o visitante sinta e perceba a dureza da vida nas ruas, intua os sentimentos de abandono, medo e impotência que as crianças sofrem, e seja confortado pela segurança que alivia esses menores ao chegarem na Kalipay, onde passam a viver em um verdadeiro lar, recebendo cuidados e carinho. À medida que o visitante avança na exposição, ele se emociona com as histórias de esperança de Ginno, Bubbles, Anna e Joey e muitas outras crianças e jovens que hoje têm um lar para crescer, se desenvolver e sonhar com seu futuro.

A exposição está dividida em duas áreas distintas. Na primeira seção, o visitante percorre as ruas de uma vila ou cidade das Filipinas. Por meio de fotografias que mostram a realidade de milhares de crianças, percebem-se os maus-tratos, a exploração, os abusos e a violência sofridos por esses menores, abandonados na solidão infinita, que se refletem na escultura hiperrealista de uma criança dormindo na intempérie.

Na segunda parte da exposição, se chega ao refúgio Kalipay. Nesta seção, em que foi reproduzida uma sala de aula, o visitante pode sentar-se nas carteiras, entrar em casa, sentir-se em casa, assim como se sentem as crianças que a Fundação acolhe. Um documentário audiovisual mostra a história da Fundação e um conjunto de peças fotográficas faz uma narração visual das histórias de seus protagonistas. Os desenhos das crianças, as verdadeiras protagonistas, pendem do teto, um telhado de duas águas que recria o calor do lar que a Kalipa y é para elas. Livros, brinquedos e outros objetos ajudam a recriar a sensação de segurança e tranquilidade das crianças que vivem neste refúgio.

Os desenhos das crianças, as verdadeiras protagonistas, pendem do teto, um telhado de duas águas que recria o calor do lar que a Kalipay é para elas.

Ginno, Bubbles, Anna y Joey

A exposição também nos apresenta alguns dos personagens principais da Kalipay, que nos contam sobre suas experiências reais, seus planos futuros e seus sonhos. Ginno e Bubbles, agora casados, com um filho recém-nascido e muitas oportunidades de serem felizes, Anna, que estuda para ajudar a mãe, e Joey, inteligente e autodidata, que estuda antropologia na universidade. Todos eles têm um vínculo comum: todos nasceram em situação de extrema pobreza, em famílias desestruturadas ou sem possibilidade de cuidado, e sem futuro. A chegada na Kalipay mudou suas vidas.

Anna Balcels, fundadora e presidente da fundação explica como eles fazem isso.

«Na Kalipay nós lhes damos um teto e comida, mas também algo muito importante, que é muito amor e carinho. Nós lhes asseguramos que ninguém mais lhes machucará, que nós os protegeremos», lembra. As crianças resgatadas também recebem algo muito importante e que muitas delas nunca tiveram: educação. «Nós nos certificamos de que todos possam chegar à universidade.

Seis já se formaram, e isso é um triunfo», afirma a fundadora da Kalipay com orgulho. Todas as atividades organizadas têm como objetivo ajudar as crianças a experimentar o que é a vida em família e a ter suas necessidades físicas, mentais, emocionais e sociais atendidas.

Esta exposição tem como objetivo divulgar o trabalho desenvolvido pela Fundação Kalipay, mas também aproximar os visitantes da realidade em que vivem muitas crianças nas Filipinas, emocioná-los, fazêlos pensar e, se possível, fazêlos participar deste projeto. Os painéis na sala exibem os objetivos da Fundação Kalipay e incentivam os visitantes a contribuir, a fazer uma doação para resgatar as crianças da miséria, da violência e do abuso sexual. Porque este hall social quer emocionar, mas também compartilhar a missão de melhorar este mundo com todos os visitantes.

Un viaje a la esperanza