TEXTO: CRISTINA BISBAL IMAGENS: ISTOCK
Os 26 projetos semifinalistas dos Prêmios Fundación MAPFRE à Inovação Social já foram selecionados. O representante de cada um deles preparou-se com sessões de mentoring para convencer o júri de que sua iniciativa é a que terá maior impacto em seu entorno e que sua equipe está mais bem preparada para levá-lo adiante. Para isso, terá apenas dez minutos à sua disposição.
Quase dois anos se passaram desde que os Prêmios Fundación MAPFRE à Inovação Social foram apresentados, mas essa iniciativa já se tornou um evento essencial para quem deseja participar da mudança de paradigma em inovação, visando as necessidades sociais. Para aqueles que tem um projeto inovador que pode ajudar a sociedade a superar suas dificuldades. Mas também para as empresas que procuram iniciativas sociais com as quais podem se unir à mudança.
E assim chegou a terceira edição, buscando ideias, abordagens, dinâmicas e modelos disruptivos que possam ser transformados em soluções úteis para melhorar a mobilidade e a segurança viária (mobility), a saúde (e-health) e o setor de seguros, ou seja, as três categorias desses – apesar de jovens – já prestigiados Prêmios à Inovação Social. Os inúmeros projetos inscritos demonstram o sucesso de cada uma das convocatórias, mas também o envolvimento de novos empreendedores sociais, para os quais o cuidado com as pessoas e com o meio ambiente são prioritários. Por outro lado, ao longo dessas três convocatórias, foi possível observar a importância que a inovação social adquiriu em todo o mundo. Há muitas explicações para esse fenômeno, mas a escalabilidade das inovações sociais, que faz com que essas ações possam ser replicadas em diferentes lugares em um mundo no qual os problemas e as necessidades se tornaram globais, pode ser uma delas. Além disso, como apontado por Antonio Huertas: «Para fechar essas lacunas de desigualdade, não precisamos apenas de mais e melhores soluções, precisamos, acima de tudo, de novas e diferentes».
Agora, os semifinalistas precisam defender sua ideia diante de um júri formado por especialistas renomados no campo da inovação social. Em dez minutos, o representante de cada projeto testará sua capacidade de transmitir a ideia, de convencer sobre o potencial de sua equipe e de inspirar as pessoas presentes. São 17 projetos vindos de países latino-americanos, especificamente da Argentina, do Brasil, do Equador, do México e do Peru, e 9 projetos espanhóis.
Projetos Semifinalistas
As propostas que chegaram à semifinal Ibero-americana demonstram que, através de ideias simples e viáveis, a sociedade pode ser transformada. Por exemplo, Hope, um projeto peruano que consiste em um kit simples de autoexame que, a baixo custo, ajuda a prevenir o câncer do colo do útero, detectando o HPV de alto risco. A também peruana Aspat, uma instituição sem fins lucrativos, apresenta um programa para pessoas vulneráveis afetadas pela tuberculose, a quem fornece acesso a um seguro de saúde. A inovação em seguros também é o objetivo da Microwd Inversiones, uma plataforma de inclusão financeira que oferece microsseguros, planos de pensão e produtos de poupança para mulheres que não possuem nenhuma conta bancária. O Vipa é o último dos programas criados no Peru que participam da semifinal. Trata-se de um aplicativo de participação cidadã que permite relatar às autoridades competentes qualquer incidente ocorrido em vias públicas.
Dois dos projetos semifinalistas são do Equador. Um deles é uma plataforma financeira que conecta a poupança de estudantes universitários com aqueles que precisam de pequenos empréstimos. Eles contam com uma pontuação de risco financeiro com redes neurais que prevê o cumprimento dos empréstimos e se denomina Banco Estudantil Fintech. Por sua vez, o Clipp MaaS permite que as pessoas se desloquem para qualquer lugar, escolhendo as opções de transporte disponíveis na cidade através de uma plataforma.

Dois outros semifinalistas chegam da Argentina. Um na categoria de mobilidade sustentável e segurança viária, o Woocar, um projeto de IA que analisa dados para melhorar o comportamento de condução de veículos. O outro, lançado pela Fundación Donde Quiero Estar, é voltado para pacientes com câncer e suas famílias.
Vindo do México, ‘proactible’ desenvolve próteses e órteses financeiramente acessíveis para pessoas com amputação de membros inferiores, permitindo que voltem a andar.
Dentro da tendência que a inovação social representa na América Latina, o Brasil é um dos países mais ativos. Nesta semifinal, o Brasil se fará presente com oito projetos, com iniciativas comprometidas com a sociedade e com a sustentabilidade. Três deles são apresentados na categoria de melhoria da saúde e tecnologia digital. Pickcells é um pequeno laboratório portátil para a detecção de objetos de infecção em exames de parasitologia e sedimentoscopia. Afinando o Cérebro ajuda profissionais de saúde, professores e usuários a estimular o processamento auditivo no cérebro. Graças à plataforma que o integra, promove-se o reforço das conexões neurais ligadas à atenção, à memória e à compreensão, para melhorar a qualidade do aprendizado e da comunicação entre as pessoas. O objetivo do projeto do Instituto Laura Fressato é diminuir a mortalidade e a permanência hospitalar de pacientes em risco de deterioração clínica, por meio de uma plataforma que envia sinais precoces aos profissionais de saúde.
Dois outros projetos brasileiros de inovação em seguros vão para a semifinal. A AiPlates Technologies usa a IA para identificar e rastrear veículos roubados ou suspeitos. Ao mesmo tempo, envia alertas para as forças policiais com sua localização em tempo real. O Electrowave detecta anormalidades elétricas, reduzindo o risco de danos elétricos. Em relação à categoria de mobilidade sustentável e segurança viária, o Brasil apresenta uma plataforma que incentiva o uso de bicicletas. Bike Anjo ensina a andar de bicicleta, ajuda a pedalar, conecta ciclistas e oferece recomendações de rotas seguras. Por outra parte, o Guiaderodas trabalha com pessoas com deficiência e mobilidade limitada, permitindo verificar e revisar a acessibilidade em todo o mundo através de um guia colaborativo móvel. Por fim, o SAS Smart utiliza um aplicativo em acidentes de trânsito que garante um melhor atendimento às vítimas.
Sem dúvida, a Espanha é o país mais representado na semifinal europeia. Há um total de nove semifinalistas, três em cada categoria. Em saúde, competirá o MIWEndo Solutions, um dispositivo médico projetado para melhorar a prevenção e o diagnóstico do câncer colorretal (CCR); já o iHERO, sigla de Human Evaluation & Rehabilitation after Oncology, é destinado a pacientes oncológicos infantis a quem possibilita a reabilitação linguístico-cognitiva e física por meio da robótica social e de outras tecnologias. Projetado para pacientes com Parkinson e Alzheimer, o dispositivo i4life é acoplado a uma bengala que emite estímulos visuais e hápticos para ajudar a pessoa a voltar ao caminho certo quando houver algum lapso no movimento.
Em relação à inovação em seguros, dois dos projetos que estarão presentes na semifinal visam atender pessoas a partir dos 65 anos. O Mijubil.acción, por exemplo, conecta organizações sociais interessadas em atrair talentos seniores com aposentados ativos que desejam colaborar e o Pensium oferece aos idosos dependentes o acesso a residências privadas em troca do aluguel de suas casas, que eles mesmos administram. O AvalVida também se preocupa com os aluguéis: o inquilino garante o pagamento da casa com o valor do seu seguro de poupança em favor do proprietário.
Todos os projetos que chegaram à semifinal têm várias características em comum: seu caráter inovador, sua viabilidade e capacidade de inspirar
A Espanha também apresenta três projetos de mobilidade sustentável e segurança viária. Especialmente pensado para pessoas com visibilidade reduzida, o EGARA é um dispositivo de assistência inteligente que evita colisões dolorosas com obstáculos que estão acima da cintura e que são indetectáveis pelos usuários. O Light App usa sistemas de cidades inteligentes e IA para promover ações que motivam os cidadãos a serem mais sustentáveis. O Aicross tem como objetivo evitar atropelamentos perto de faixas de pedestres e semáforos por meio de uma plataforma vibratória localizada sob os pés, que sinaliza aos pedestres que um veículo está se aproximando.
Todos os projetos que chegaram à semifinal têm várias características em comum: sua natureza inovadora, sua viabilidade e sua capacidade de inspirar. É imprescindível que contem com solvência econômica e usem tecnologias e ferramentas próprias da empresa, mas principalmente o fato de terem a capacidade de causar um impacto positivo na vida de muitas pessoas em nosso entorno. Apesar da dificuldade que poderia ser conseguir tantos semifinalistas que atendam a esses requisitos, o desafio foi, como em ocasiões anteriores, selecionar quais projetos iriam para a semifinal, uma vez que a qualidade das propostas era muito alta.
Apenas 9 projetos irão passar para a próxima rodada. Quem serão os escolhidos?
